Nestes últimos meses, os brasileiros têm observado vários acontecimentos que estão atordoando a todos, como por exemplo, a descortinação de esquemas de corrupção, em que pese a ocorrência desse mal ter sempre o conhecimento de todos.
Por influência disso, os concidadãos têm sentido os efeitos nefastos da improbidade na administração pública, pois são os alimentos que tem seus preços elevados, as contas do mês que ficam mais difíceis de serem liquidadas enfim, a volta da inflação torna-se uma realidade.Num cenário como esse costumam surgir aberrações verbais de tudo quanto é lado, todavia não se pode aceitá-las de maneira mansa e pacífica, sobretudo quando vem em sentido contrário daqueles que são os reais donos desta república: o povo.
Recentemente, o senador José Serra do estado de São Paulo, foi minimamente infeliz, ao classificar o Presidente da República do Paraguay como contrabandista. O senador em questão deveria ter realizado uma reflexão profunda antes de desferir uma frase tão grosseira, antiquada e antidiplomática como esta. Deveria ter lembrado que o Brasil possui uma fronteira extensa com o país vizinho e que referida fronteira, apesar da existência de criminalidade, é povoada por gente trabalhadora, visionária e de grande amizade uns com os outros. O senador deveria lembrar também que o estado de Mato Grosso do Sul, inclusive governado por um partidário seu, possui um intercâmbio intenso nas áreas culturais, econômicas e também sociais com a Nação Guarani que ele diz estar sendo governada por um criminoso.
Desde o último dia 25 de março o governador de Mato Grosso do Sul esteve em Assunção em audiência com diversas autoridades paraguayas, inclusive com o Presidente daquela República, para estreitar os laços econômicos entre os dois territórios, a fim de que ambos sejam favorecidos amplamente por meio de parcerias comerciais e, conjuntamente, tracem planos estratégicos que visem o combate ao crime organizado que assola a região. Sendo assim, uma declaração desastrosa como esta não poderia ter vindo em hora mais inoportuna. Já bastava o que o mesmo senador afirmara na campanha eleitoral de 2010, enquanto disputava a presidência da república, dizendo que a propriedade do Paraguay sobre a usina binacional de Itaipu não passava de uma filantropia brasileira. Outro equívoco esta última afirmação, pois antes do início das obras de construção da usina, mais precisamente no ano de 1966, os governos brasileiro e paraguayo assinaram a Ata do Iguaçu , por meio dos Ministros das Relações Exteriores do Brasil e do Paraguay à época, Juraci Magalhães e Sapena Pastor, respectivamente, onde foram lançadas as normas que regeriam a administração daquela obra monumental , ou seja há anos uma questão consolidada e que atualmente carece apenas de ajustes para o atual contexto dos dois países.
Um representante da República como o senador Serra, deve ter cuidado em suas ações, afinal ele não deve olhar apenas para a própria realidade, mas sim enxergar todos os rincões deste país, inclusive a fronteira, para que colocações como a que utilizou, além de ferir a soberania de todo um país, venham desestabilizar as relações entre dois povos que são unidos, principalmente na linha de fronteira Brasil – Paraguay que ele, certamente, nunca colocou o pé.
Por Diogo Godoy*
* Diogo Willian Godoy dos Santos é Advogado – OAB/MS n°. 19.037