Por causa da rápida queda no nível do Rio Paraguai, que nesta terça-feira (7) amanheceu com em apenas 82 centímetros na régua de Ladário, o transporte de minérios e combustíveis pela hidrovia foi interrompido no último fim de semana, quando o nível ficou abaixo de um metro.
De acordo com Luiz Dresch, gerente da empresa portuária Granel Química Ladário, alguns comboios ainda estão no meio do caminho, mas a partir do momento em que o nível ficou abaixo de um metro na régua de Ladário (isso significa que ainda existem 2,5 metros de profundidade no rio) não existe mais segurança na navegabilidade, pois os empurradores precisam de pelo menos 1,8 metro de água.
Mensalmente saiam do terminal da Granel entre seis e oito comboios, cada um com 16 barcaças, levando 48 mil toneladas de minério por viagem. Para conseguir fazer esses embarques, em torno de 400 carretas levaram minérios diariamente das minas até o terminal.
A Granel é somente um dos três locais de escoamento de minérios pela hidrovia. Entre janeiro e o final de setembro, somando os embarques da Vetorial e no porto Elísio Curso, foram embarcadas 4,881 milhões de toneladas de minério extraído das morrarias da região de Corumbá, conforme dados da Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários). Isso representa aumento de 15,2% na comparação com o ano anterior.
Desse total, 2,24 milhões de toneladas saíram somente no terminal da Granel Química, que presta serviços para três mineradoras. Entre elas está a JF, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, que despachou 2,1 milhões de toneladas de janeiro até o fim de outubro.
Caso a chuva venha com normalidade em novembro e janeiro, a suspensão do transporte pela hidrovia deve durar apenas dois meses. A previsão é de que as mineradoras reduzam o ritmo dos trabalhos neste período, mas boa parte disso passará a ser escoado por carretas, acredita Luiz Dresch.
Sendo assim, existe possibilidade de que 700 a 800 carretas passem a circular diariamente pela BR-262, rodovia que está com o tráfego em apenas uma pista na ponte sobre o Rio Paraguai, próximo da região da extração dos minérios.
Por conta da queda rápida do nível do rio durante outubro, de 1,7 metro em 31 dias, os últimos comboios já saíram com redução de até 30% no volume. Além disso, por conta de três bancos de areia entre Ladário e Porto Murtinho, havia necessidade de desconectar os comboios e passar barcaça por barcaça, já que a largura do canal de navegação cai muito nestes trechos, atrasando a viagem até Nova Palmira, no Uruguai, de onde os minérios são levados para a Ásia e Europa.
O governo federal já garantiu a liberação de R$ 95 milhões do Novo PAC para a dragagem destes locais, mas até agora a licença ambiental não foi concedida e por isso a previsão é de que estes trabalhos ocorram somente no final do próximo ano. Mesmo que essa dragarem ocorra, o transporte terá de ser suspendo sempre que o rio ficar abaixo de um metro na régua de Ladário, explica Luiz Dresch.
Combustíveis
Além da suspensão do transporte de minérios, a Granel Química também interrompeu, desde o começo da semana, o transporte de gasolina e diesel que era trazido da Argentina até Corumbá. Em média, eram 10 mil metros cúbicos por mês, o que equivale a dez milhões de litros, ou cerca de 330 carretas.
Os combustíveis, segundo ele, são destinados à Bolívia e partir de agora os produtos terão de ser transportados por carretas, que cruzarão estradas argentinas diretamente para a Bolívia, sem passar por território brasileiro.
Fonte: Neri Kaspary/Correio do Estado