O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) denunciou o empresário Thiago Verrone de Souza pela participação em um suposto esquema milionário de extorsão contra a empresa CG Solurb, concessionária responsável pela coleta de lixo de Campo Grande. A investigação apontou que o empresário exigiu R$ 5 milhões para desistir de ações na Justiça contra a empresa.
Thiago Verrone, que atua no ramo de consultoria ambiental, é o autor da ação popular que resultou no cancelamento do contrato entre a Prefeitura de Campo Grande e a Solurb. Ele questionou o processo desde o início, ainda no primeiro semestre de 2012, e foi o autor de várias ações judiciais questionando o contrato. No entanto, o caso segue em fase de recurso e a Prefeitura só deverá abrir nova licitação quando o processo transitar em julgado.
Em julho deste ano, conforme a denúncia do MPE (Ministério Público Estadual), o empresário procurou representantes da Solurb para propor um “acordo”. Em troca de R$ 5 milhões ele desistiria das ações movidas contra a empresa que apontam eventuais irregularidades cometidas no descarte dos resíduos no aterro sanitário e no ”lixão” da Capital.
Após receber a denúncia, o Gaeco passou a investigar o caso. A investigação apontou que Thiago se aproximou do superintendente da Solurb, Élcio Terra, por intermédio do do ex-secretário de Infraestrutura, Obras e Habitação, Semy Alves Ferraz.
A partir da aproximação entre os dois, deu-se início ao processo de extorsão. No entanto, conforme o promotor Marcos Alex Vera, não há provas ou indícios, até o momento, contra o ex-secretário de Obras.
Ciente da investigação, o superintendente da Solurb concordou em agendar diversos encontros com o empresário e se comprometeu a entrar em um acordo sobre o pagamento exigido.
Inicialmente, Thiago exigiu R$ 5 milhões para desistir das ações judiais, sendo essa quantia reduzida posteriormente para R$ 3,5 milhões, parcelados em 24 meses.
Após alguns encontros, ficou acordado que o pagamento seria feito com uma primeira parcela de R$ 50 mil. O Gaeco monitorou e gravou o pagamento do valor por Élcio a Thiago Verrone. Os agentes do MPE monitoraram o empresário e fizeram foto dele com uma sacola, onde estava com o dinheiro, entrando na casa da mãe, no Bairro Rita Vieira.
Ele também exigiu o pagamento do restante do dinheiro por meio de notas promissórias e com a falsificação de um contrato de prestação de serviços. Os valores a serem pagos variam de R$ 100 mil a R$ 350 mil por mês.
Conforme o promotor, há suspeita de que a investigação “vazou”, o que levou Thiago a desistir de firmar o contrato com a Solurb e recuar na extorsão.
O Gaeco comprovou que houve a tentativa de extorsão e denunciou Verrone pelo crime. A denúncia já foi aceita, no dia 5 de setembro deste ano, pelo juiz da 1ª Vara Criminal, Thiago Nagasawa Tanaka. Verrone deverá apresentar a defesa.
O autor – Thiago Verrone, segundo o MPE, é dono de duas empresas: a Verrone Empreendimentos e Thiago Verrone de Souza – ME. As duas estão ativas. Consultor na área ambiental, ele tentou participar da licitação do lixo em julho de 2012, mas foi excluído, quando iniciou uma onda de denúncias e ações na Justiça, MPE e Tribunal de Contas do Estado.
Em 18 de outubro do ano passado, o juiz Amaury da Silva Kuklinski, da 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos de Campo Grande, acatou o pedido de Verrone e determinou a anulação da licitação do lixo de Campo Grande.
O magistrado considerou que a denúncia feita por Thiago Verrone era procedente, de que houve direcionamento no processo licitatório. A Solurb receberia R$ 1,3 bilhão da Prefeitura de Campo Grande, ao longo de 25 anos, para gestão dos resíduos sólidos na cidade. A Prefeitura e a Solurb recorreram e o caso segue em grau de recurso.
Fonte: Michel Faustino e Edivaldo Bitencourt – Campo Grande News