Operações realizadas pela Polícia Federal (PF) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) evidenciam as diversas rotas de tráfico de drogas com origem em países que fazem fronteira com Mato Grosso do Sul. Apenas este ano, foram realizadas várias operações policiais que identificaram tráfico de entorpecentes para estados como Pará, Bahia, Mato Grosso, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina.
A última operação registrada foi deflagrada ontem pela PF e a PRF, intitulada Operação Catarge, que visa combater o tráfico internacional de drogas. Em Mato Grosso do Sul, foram emitidos dois mandados de prisão contra integrantes de grupo que atuava em Ponta Porã.
A PF informa que a droga entrava no Brasil por meio de caminhões bitrens, que saíam de Pedro Juan Caballero, no Paraguai, para Ponta Porã, e de lá seguiam até a região metropolitana de Florianópolis, em Santa Catarina, onde os entorpecentes eram armazenados. De Santa Catarina, a droga era distribuída para os demais estados da Região Sul do País.
Além de Ponta Porã, a Operação Catarge também ocorreu em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, em Mossoró, no Rio Grande do Norte, e em quatro cidades de Santa Catarina, sendo elas Palhoça, São José, Imbituba e Xanxerê. Ao todo, foram cumpridos 28 mandados de busca e apreensão e 29 mandados de prisão nos quatro estados.
“A investigação teve início com a prisão e apreensão do primeiro caminhão bitrem aqui na Grande Florianópolis, com aproximadamente 24 toneladas de maconha. A partir daí, com o apoio da Polícia Rodoviária Federal, foi descoberto todo o modus operandi da organização criminosa”, revela o delegado da Polícia Federal Israel Castillo.
A primeira apreensão ocorreu em 2021 e, a partir disso, os agentes descobriram o esquema de ação do grupo, desde a transposição da droga pela fronteira até mesmo o deslocamento do entorpecente de Ponta Porã para Florianópolis. Os tabletes de entorpecentes eram colocados no meio de cargas de grãos, que eram transportadas pelos caminhões.
Foram descobertos o esquema de armazenamento, contabilidade e distribuição da droga no atacado e houve a identificação dos operadores financeiros, que eram responsáveis por arrecadar dinheiro, oriundo do tráfico de drogas, e depositar nas contas dos fornecedores. Também eram utilizados laranjas, que maquiavam a origem dos bens.
“Foram apreendidas, ao longo da operação, 100 toneladas de maconha. Esses cinco episódios em que foram apreendidas essas drogas, oito pessoas já foram presas, por estarem transportando efetivamente as drogas ou por estarem atuando como batedores dessa carga”, informa o delegado.
De acordo com a PF, os investigados responderão pelos crimes de tráfico transnacional de drogas, organização criminosa, tráfico de armas e lavagem de dinheiro, cujas penas somadas podem chegar a 30 anos de prisão.
Outras operações
No dia 31 de outubro deste ano, um líder do tráfico em Uberlândia, envolvido em esquema interestadual, foi preso durante a Operação Entrepostos. De acordo com o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), a quadrilha adquiria drogas na fronteira de Mato Grosso do Sul, ocultando-as em entrepostos e chegando até a usar transportadoras fictícias para levá-las a Minas Gerais e São Paulo. A investigação surgiu após a apreensão de 7 toneladas de maconha em Campo Grande, no ano passado, revelando a conexão entre os traficantes nos estados de MS e MG.
A apreensão faz parte da Operação Entrepostos, que também teve ações em Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, São Paulo, Paraná e Goiás.
No mesmo dia em que ocorreu a operação do Gaeco, a Polícia Federal deflagrou a Operação Rota do Crime 2, contra o tráfico de drogas. Foram cumpridos mandados de prisão temporária e de busca e apreensão nas cidades de Ponta Porã, Olímpia (SP) e São Paulo (SP). Os presos eram articuladores de esquema criminoso que contratava fretes por meio de serviço terceirizado com a finalidade de traficar drogas de Ponta Porã para outros estados da Federação.
Uma investigação conjunta das polícias civis de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso revelou uma nova rota de tráfico de drogas do Paraguai ao Pará, passando por Campo Grande e Cuiabá.
Durante a Operação Mato Seco, prisões foram feitas em Campo Grande, desmantelando uma organização criminosa. A nova rota do tráfico de drogas, segundo a Delegacia Especializada de Repressão ao Narcotráfico (Denar), utiliza rodovias e seu traçado começa na fronteira com o Paraguai (Ponta Porã), passando por Campo Grande.
O esquema envolvia a distribuição de drogas em Mato Grosso do Sul e outros estados, com 6 pessoas sob investigação e 17 mandados de busca sendo cumpridos. O trajeto, que passa por três estados e cinco municípios, tem 4.480 quilômetros e dura 67 horas, quase três dias de viagem (sem contabilizar paradas para descanso e alimentação), considerando que o destino final da droga fosse a cidade de Belém, capital do Pará.
A Polícia Federal, com apoio do Exército Brasileiro, conduziu uma operação para desarticular uma quadrilha que utilizava aviões para traficar cocaína da Bolívia para o Brasil. A ação abrangia Mato Grosso do Sul, Bahia e São Paulo, com o cumprimento de 8 mandados de prisão preventiva, 4 de prisão temporária e busca e apreensão em 25 endereços.
A quadrilha já teria traficado 2.645 kg de cocaína, envolvendo apreensões de aeronaves e veículos, resultando na prisão de 12 pessoas. A operação, denominada Ardea Alba, visava desarticular a logística de transporte de drogas, especialmente nas cidades de Corumbá e Coxim, no Pantanal Sul-Mato-Grossense.
Uma operação conjunta entre policiais do Paraná e de Mato Grosso do Sul resultou na prisão de três pessoas em Londrina e Cambé, no Paraná. Doze mandados de busca e apreensão foram cumpridos, incluindo três em Corumbá, na fronteira com a Bolívia. A investigação apontava que drogas e armas eram enviadas da região de fronteira para serem revendidas no norte do Paraná. Durante a operação, foram detidos dois adultos e um adolescente.
Fonte: Ana Karla Flores e Ketlen Gomes/Correio do Estado