Investigada na Lama Asfáltica, empresa é alvo de nova apuração sobre obra de dique

Foto: A Tribuna News


A empreiteira Gerpav Engenharia LTDA, de propriedade dos irmãos Arnaldo Angel Cafure e Gerardo Ruben Zelada Cafure, é mais uma vez alvo de investigação do Ministério Público Estadual (MPE) por irregularidades da obra do dique de Porto Murtinho, reinaugurado em 2013. Em fevereiro de 2012, o próprio MPE arquivou investigação aberta para apurar a mesma situação, no entanto, acredita-se que nova apuração tenha iniciado depois que força-tarefa da Lama Asfáltica identificou a Gerpav como empreiteira integrante de esquema de licitações comandado por João Krampe Amorim.

Na nova apuração que será aberta na segunda-feira (23), mas que já está no diário oficial do órgão disponível na internet, consta que a investigação foi aberta pela promotora Karina Ribeiro dos Santos Vedoatto.

O objetivo é investigar as irregularidades na obra tocada pela Gerpav para reforma do dique de contenção das águas do Rio Paraguai. A mesma apuração, no entanto, foi aberta e arquivada pelo órgão em 2012 com a seguinte justificativa.

“Em se tratando de matéria de competência da Justiça Federal, por envolver recursos públicos federais, não tem o Ministério Público Estadual legitimidade para atuar no caso, devendo o procedimento preparatório ser arquivado”.

Com a nova apuração, os donos da empresa sediada na Vila Nasser, em Campo Grande, devem ser notificados.

Obra

Inaugurado em 2013 pelo governo André Puccinelli (PMDB) depois de mais de R$ 8 milhões em investimentos, o dique era motivo de dor de cabeça da prefeitura de Porto Murtinho desde 2005, quando começou a apresentar fragilidade na estrutura.

Em abril de 2008, o Governo do Estado finalizou o processo licitatório para contratação de empresa para reforma. Um dos lotes, no valor de R$ 2,4 milhões, foi vencido pela Gerpav.

Durante as obras, a empreiteira enfrentou problemas financeiros e chegou a paralisar os trabalhos. Em junho de 2009, o dique desabou e provocou lançamento de 3,6 toneladas de concreto no Rio Paraguai.

Depois do desabamento, o Governo do Estado conseguiu liberação de mais R$ 3 milhões junto ao Ministério da Integração Nacional e as obras foram retomadas em janeiro de 2010.

A inauguração e finalização da obra só aconteceram em junho de 2013. Porto Murtinho, inclusive, entrou para o livro dos recordes, o Recordes Guinness Brasil, como única cidade brasileira a ter um dique de contenção de enchentes, inaugurado em 1985.

A empreiteira

Depois da inauguração da obra e do arquivamento da investigação do MPE, o nome da empreiteira Gerpav voltou aos noticiários em julho passado, depois que a operação Lama Asfáltica foi deflagrada pela Polícia Federal e MPE.

Os investigadores citaram a empresa, e outras 15, em uma lista de empreiteiras que faziam parte do esquema de João Krampe Amorim, dono da Proteco Construções e que conquistava licitações milionárias do Governo do Estado.

Na época em que foi aberta, em 2003, a Gerpav tinha capital social de R$ 400 mil e o número foi saltando para valores como R$ 2,8 milhões em 2008 e R$ 4 milhões em 2010. Mesmo com toda a quantia, a empresa não tinha bens, mas continuava vencendo licitações.

A força-tarefa identificou, por fim, que os donos da Gerpav, Arnaldo e Gerardo, também eram donos de outra empreiteira, a Socenge. Essa empreiteira foi vendida para Luciano Dolzan, genro de Amorim, no ano de 2010.

Fonte: Aliny Mary Dias – Correio do Estado

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