Morte de prefeito faz 6 meses, caso não foi concluído e viúva cobra respostas

Foto: Reprodução


Hoje faz seis meses que o médico e prefeito afastado de Bela Vista, Renato Souza Rosa, filiado ao PSB, foi encontrado morto com um tiro no peito em uma quitinete na cidade vizinha de Jardim, a 233 km de Campo Grande.

Depois de 180 dias da morte, o caso continua sem solução, segundo a viúva, Patrícia Ocariz Rosa, que reluta em aceitar a tese de suicídio. “Não posso falar que foi homicídio porque não tenho prova, mas também não posso falar que foi suicídio, porque não existe prova de que isso ocorreu”, afirmou ela ao Campo Grande News.

Afastado do cargo por determinação da Justiça em agosto do ano passado acusado de irregularidades administrativas, Renato Rosa enfrentou uma CPI e foi cassado três dias antes de ser encontrado morto na casa de um dos filhos, onde passou a noite, a caminho de Campo Grande.

Uma pistola calibre 6.35 foi encontrada do lado do corpo, onde também existia, segundo informações de policiais que foram ao local, uma carta de despedida, nunca divulgada oficialmente.

“Até hoje o inquérito não foi encerrado. Já fui três vezes na delegacia de Jardim e não fui recebida pelo delegado em nenhuma das vezes. Eles não passam informação nenhuma. Não fui ouvida, meus filhos tampouco foram ouvidos. Não temos informação nenhuma da polícia”, afirma Patrícia.

Arma – Patrícia não confirma a versão de que a arma, encontrada ao lado do corpo e que teria sido usada por Renato para disparar o tiro mortal, pertencesse a seu marido ou a alguém da família. “Não tinha e não conhecimento que tivéssemos arma. Estive com ele na segunda e na terça, não vi nenhuma arma com ele. Não tenho conhecimento de quem era essa arma. Ele dizia que estava sendo perseguido, mas não temos como provar e nem fomos indagados pela polícia sobre isso”.

A viúva do ex-prefeito de Bela Vista questiona a suspeita de suicídio e diz que Renato tinha motivos para querer viver, como os filhos e os dois netos que ganharia em breve.

“Uma pessoa que amava os filhos, que tinha duas filhas para se formarem médicas em dezembro, o casamento de uma filha marcado para fevereiro e dois netos chegando. Não posso crer que tenha sido suicídio. Mas também não tem como eu falar que alguém o matou porque não estava com ele no momento. Só a polícia pode esclarecer”, declarou Patrícia Rosa.

Celular e anotações – A viúva questiona também a demora da polícia em devolver objetos que estavam com Renato Rosa no momento em que ele foi encontrado morto. “O celular dele, que tinha comprado na segunda-feira, até hoje não consegui recuperar. Também continua com a polícia o bloquinho de anotações, do qual eles omitem 11 páginas. A polícia afirma que ali tem conteúdo comprometedor, mas não sei que é, porque não tive acesso”.

Ela afirmou que também foram apreendidos o computador e um HD externo, pertencentes ao genro dela. “Meu genro usa esses equipamentos para fazer cadastramento rural, mas a polícia não quer devolver porque diz que é prova de crime. Não entendo porque a polícia retém esses materiais. Se tem alguma coisa que diz respeito a alguém, sinceramente não sei”.

Clínico geral, Renato de Souza Rosa, morto aos 55 anos de idade, nasceu em Bela Vista em 30 de dezembro de 1959. Ele tinha sido vereador de 1997 a 2000. Em 2008 ficou como suplente e foi candidato a prefeito em 2012, mas acabou derrotado pelo por Abraão Zacarias (PMDB), cassado no ano seguinte por compra de votos.

Em 2013, em eleição suplementar, Renato foi eleito com 4.863 votos. Localizado a 322 km de Campo Grande, Bela Vista tem 23.180 habitantes.

Faltam laudos, diz delegado – O delegado responsável pelo inquérito sobre a morte de Renato Rosa, Alex Sandro Antonio, disse hoje (29) ao Campo Grande News que aguarda apenas os laudos dos equipamentos eletrônicos para concluir a investigação e encaminhar o caso ao Poder Judiciário. Mesmo sem a conclusão, ele afirma não ter dúvidas de que foi suicídio.

“Estamos convictos de que foi suicídio, mas dependo dos laudos dos equipamentos eletrônicos [celular e computador], que demoraram por causa da grande demanda dos últimos meses e devem ficar prontos em breve”, afirmou.

O delegado diz estranhar a afirmação de Patrícia Ocariz Rosa, de que o tenha procurado pedindo informações e nunca foi atendida. “Atendemos a todos os familiares que vieram aqui. Falamos sempre com o advogado da família. Não me recordo dela vindo à delegacia para falar comigo”.

Sobre o celular e o bloco de anotações do ex-prefeito, reclamados pela viúva, Alex Antonio diz ser procedimento determinado pelo Código de Processo Penal a apreensão e remessa de todos os materiais junto com o inquérito ao Judiciário. “Assim que chegarem os laudos, se não houver nenhuma informação sobre a morte, o computador será devolvido ao genro do prefeito. Os demais seguem com o inquérito e cabe ao Judiciário decidir”.

Fonte: Hélio de Freitas – Campo Grande News com a colaboração de João Carlos Velasquez

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