Desculpa, por favor, te amo, saudade, obrigado, com licença, saúde, fica com Deus, benção pai, benção mãe. Palavrinhas mágicas, não é mesmo? Nem sempre pronunciadas. Outras não menos potentes são frequentemente ouvidas, no trânsito, nas discussões, em pensamentos, carregadas de energias negativas e causadoras de malefícios de todas as ordens. Há quem goste de xingar e deteste ser xingado.
Já dizia o avô ao seu neto: ¨ cuidado com sua boca, as palavras tem poder ¨. Provavelmente esse netinho, agora adulto, ainda subestime a força de cada palavra. A lei da mente é implacável, o que você pensa você cria, dizia Buda. Pior quando os pensamentos são exteriorizados.
Mormente neste atual contexto brasileiro de burburinho político, atos, gestos, palavras e pensamentos conduzem à grave reflexão quanto às possíveis conseqüências nos âmbitos individuais e coletivos. Não é nada bom, dirão os mais idosos sobre o pedestal de sua sabedoria existencial.
Assiste-se a pelejas inflamadas de ódio até mesmo no seio familiar. Tudo passa, tudo passará, pensam. Mas haverá oportunidade de reconciliação, de ajustes emocionais, de perdão?
Sem apologia ao passado, hábitos e costumes de uma época não tão remota davam razão à vida nos relacionamentos humanos, O uso cotidiano de palavrinhas mágicas tornavam mais amena a convivência entre as pessoas. Época de confiança recíproca, de cadernetas de fiados, de gestos cavalheirescos, de inocência nos olhares, de mãos contidas pela educação.
A necessidade por força de convicções, dirão os pragmáticos, ordena impulsos por vezes incontroláveis. Surgem palavrões, obscenidades, banalidades, animalidades, irracionalidades. Lançados na coluna de débitos, não há como deletá-los, senão por uma linda palavrinha mágica: perdão.
Eventos podem ocorrer independentemente da vontade de cada um. São as variáveis incontroláveis dos ambientes externos. Mas todos podem exercer controle sobre pensamentos, reações e palavras. O segredo é saber utilizá-lo como valiosa ferramenta para identificar e reconhecer pontos de vista diferentes, antagônicos.
Puro exercício de pensar antes de falar.
Por Hiroshi Uyeda