Uma equipe da Polícia Civil está, na manhã desta sexta-feira (5), na sede da mineradora Samarco, cujas donas são a Vale e a anglo-australiana BHP Billiton, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. As buscas também são feitas na sede da mineradora em Mariana, na Região Central de Minas.
Segundo o delegado responsável pela operação, Rodrigo Bustamente, estão sendo recolhidos computadores e outros equipamentos de informática da empresa. O material será usado nas investigações.
Ainda de acordo com o Bustamante, um funcionário da área de tecnologia da informação (TI) da Samarco acompanha toda a movimentação.
Nesta sexta-feira (5), a maior tragédia ambiental do país completa três meses. Em 5 de novembro de 2015, a barragem de Fundão se rompeu, destruindo o distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, e afetando Águas Claras, Ponte do Gama, Paracatu e Pedras, além das cidades de Barra Longa e Rio Doce. Os rejeitos também atingiram mais de 40 cidades na Região Leste de Minas Gerais e no Espírito Santo. O desastre deixou 17 pessoas mortas e duas desaparecidas.
As responsabilidades pelo rompimento e pelas mortes decorrentes são apuradas em inquérito da Polícia Civil. Os crimes ambientas são foco de investigação da Polícia Federal, que indiciou a Samarco, a Vale, a empresa VogBR (consultoria responsável pela declaração de estabilidade da barragem) e sete executivos e técnicos. Entre os indiciados está o diretor-presidente licenciado da Samarco, Ricardo Vescovi.
Ministérios Públicos Estadual e Federal também conduzem investigações. Nesta quinta-feira (4), promotores ouviram o diretor de operações da Samarco na época da tragédia, Kleber Terra, também indiciado. Anteriormente, em depoimento à Polícia Federal, Terra, hoje licenciado, disse que informou à diretoria da Samarco, inclusive ao então presidente Ricardo Vescovi, sobre riscos na barragem de Fundão, antes do rompimento. Vescovi nega que a informação tenha chegado até ele.
Nesse novo depoimento, agora ao MP, os promotores querem entender estas divergências e saber mais informações sobre as causas da tragédia.
Também nesta quinta-feira, o governo de Minas divulgou um relatório com o prejuízo sócio econômico provocado pelo desastre: R$ 1,212 milhões em 35 cidades mineiras. Nesse valor, não estão incluídos os danos ambientais e nem as indenizações. Mais de trezentas mil pessoas foram afetadas pela tragédia, em Minas.
Transferência de processos
Na manhã desta quinta-feira (4), moradores de Bento Rodrigues, de Paracatu de Baixo e de outros vilarejos atingidos pela lama da barragem de Fundão percorreram as ruas de Mariana até o fórum em protesto. Eles estão preocupados com o andamento dos processos judiciais e com a possibilidade de transferência das ações para a Justiça Federal.
O entendimento da Justiça de Minas para enviar os casos à Justiça Federal é que há ações semelhantes na esfera federal e, além disso, envolve o Rio Doce, que é nacional, e engloba dois estados: Minas e o Espírito Santo.
O promotor Guilherme de Sá Meneghin, de Mariana, teme que a saída dos processos atrase e dificulte algumas definições que estão bem adiantadas, como a escolha do terreno onde serão construídas as novas moradias das pessoas que tiveram suas casas atingidas pela lama. “Esse deslocamento de competência pode resultar em vários prejuízos aos atingidos”, afirmou Meneghin.
A Samarco afirmou que treinou os integrantes do plano de emergência da barragem e que o último treinamento foi no dia cinco de outubro de 2015. A mineradora declarou também que não há nenhuma contradição entre os depoimentos dos dirigentes licenciados da empresa, já que alertas nos relatórios dos consultores jamais indicaram risco iminente de ruptura.
Fonte: G1 MG