A Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul realizou na noite desta quinta-feira (14) uma sessão solene em alusão aos 150 anos do episódio da Retirada da Laguna, ocorrido durante a Guerra do Paraguai.
O evento, proposto pelo presidente da Casa de Leis, deputado estadual Junior Mochi, abre o ano de atividades que serão promovidos por diversas instituições para rememorar o tema. Na oportunidade, também foi assinada a resolução que cria a Comenda Pedro José Rufino, em homenagem ao comandante das tropas brasileiras na Retirada da Laguna.
“A comenda será uma forma de homenagear pessoas que muito contribuíram com a história de Mato Grosso do Sul. E essa sessão solene marca uma data histórica que não deve ser esquecida, já que foi a partir dessa guerra que temos o território que temos, com o Brasil vitorioso e assim temos que reconhecer esse processo histórico”, ressaltou o presidente Junior Mochi.
Pelo projeto, a Comenda deverá ser entregue em sessões solenes realizadas a partir de 2017, durante a semana que se inserir o dia 11 de junho, data em que se comemora o final da Retirada da Laguna e os homenageados deverão ser indicados pela Secretaria Estadual de Cultura em conjunto com as entidades de Ensino Superior do Estado.
Em dezembro de 1864 o Paraguai invadiu o sul de Mato Grosso, atualmente sudoeste, oeste e norte do estado de Mato Grosso do Sul. Brasil, Argentina e Uruguai formaram a Tríplice Aliança para derrubar o presidente paraguaio Solano Lopez para manter a livre navegação na Bacia do Prata. O Exército Brasileiro deslocou mais de três mil homens para a cidade paraguaia Laguna e em retirada de volta a Coxim restaram apenas 700 sobreviventes, dentre eles o Visconde de Taunay, quem registrou o episódio da retirada. A guerra terminou em 1870 com a derrota do Paraguai.
Descendente de Pedro Rufino, o padre Thiago, salesiano de Dom Bosco contou um pouco da história de sua família.”Pedro nasceu na Bahia, mas foi no Rio de Janeiro que alistou-se no Exército onde ficou 50 anos. Foi destinado para Cáceres (MT), casou-se e em 1859 foi para Nioaque (MS), assumir o comando da cavalaria. A primeira investida das tropas para Laguna, cidade no Paraguai, foi com o seu comando, com muita bravura, um homem excepcionalmente forte de quem muito nos orgulhamos. Após o fim da guerra o governo imperial lhe concedeu várias ordens e medalhas. E sua vida após ainda foi dedicada às lutas pela República”, resumiu.
Também descendente de Pedro Rufino, o conselheiro e ex-senador Ruben Figueiró disse estar muito orgulhoso de seu trisavô. “Ele é reverenciado como um dos maiores lutadores pela pátria, então só tenho do que me orgulhar, pois antes a guerra era tão difícil, a luta corpo a corpo, nada como é hoje cheia de tecnologia, antes precisava ter muita vontade e coragem”, comparou. Na solenidade o artista plástico João Xavier agraciou os convidados com uma estátua de Pedro Rufino, réplica da obra que está exposta na praça principal de Nioaque em homenagem ao combatente.
Em nome do Governo do Estado, o secretário estadual de Cultura, Athayde Nery, disse que a solenidade foi importante para recuperar a memória do povo sul-mato-grossense. “Esse foi um episódio de superação do ser humano e essa sessão solene enaltece esse movimento e resgata a nossa história, que hoje não importa perdedores ou vitoriosos, mas importa a nossa memória, a nossa história”, destacou.
Representando o Exército Brasileiro, o comandante-geral do Comando Militar do Oeste, general Paulo Humberto Oliveira, agradeceu o apoio da Assembleia Legislativa com o a abertura dos eventos. “Esse é um episódio militar peculiar, claro, não comum ao Exército por ser uma retirada, mas que demonstra que houve uma bravura no sentido de salvar vidas e que fez com que tivéssemos grandes ensinamentos. E as ações previstas para esse ano de rememorar vai ser uma forma de deixar um grande acervo militar que temos e que é pouco conhecido”, registrou o comandante.
Durante a sessão solene os presentes puderam conhecer um pouco mais sobre o episódio da Retirada, com a palestra do historiador e professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Paulo Marcos Esselin. “A história da Guerra do Paraguai é uma história do silêncio. Pouco se fala dela e ela é a nossa parteira. O Estado só ganha a dimensão de importância ao país depois desse marco. O embate ocorreu por conta de nossa importante fronteira”, contou o professor, que também convidou a todos para participarem de um seminário sobre a Retirada da Laguna proposto pela universidade, nos dias 18, 19 e 20 de abril no campus da UFMS em Aquidauana.
As demais ações programadas são em: 19 de abril, Dia do Exército com atividades em Bela Vista (MS); 20 de abril em Nioaque; De 22 a 24 de setembro ocorre uma jornada cultural passando por Bela Vista, Jardim, Nioaque e Porto Canuto; além de mostras culturais, criação de selo especial dos Correios sobre a Retirada e finalizando em junho de 2017 com a primeira entrega da Comenda Pedro Rufino pela Assembleia Legislativa.
Fonte: Notícias MS com informações de AL/MS